Estudantes do Colégio dos Jesuítas estão na final da Olimpíada Brasileira de Geografia e de Ciências da Terra

Os estudantes Artur Dutra Pena e Yasmim de Souza Spíndola fazem parte da equipe, integrada também pela estudante Laís Rodrigues de Souza Ferreira (Foto: Rodrigo Tagliate).

Três estudantes do Colégio dos Jesuítas são finalistas da Olimpíada Brasileira Geo-Brasil (OGB), competição que engloba a Olimpíada Brasileira de Geografia a Olimpíada Brasileira de Ciências da Terra. Os jovens Artur Dutra Pena, Laís Rodrigues de Souza Ferreira e Yasmim de Souza Spíndola, da 2ª série do Ensino Médio, aguardam o resultado final da Olimpíada, previsto para ser divulgado em 30 de novembro. Outras duas equipes mineiras, uma de Belo Horizonte e outra de Conselheiro Lafaiete, participam da concorrência nacional.

 

Para a fase final, os participantes precisam fazer uma prova e elaborar um projeto interdisciplinar inédito, para a resolução de um problema socioeconômico ou sociocultural, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de erradicar a pobreza.

 

A equipe de estudantes do Colégio dos Jesuítas propôs a criação de uma rede comunitária de monitoramento de rios da Zona da Mata, como forma de remediar os danos causados por enchentes. Por meio de um aplicativo, populações que vivem próximas às margens dos rios receberiam informações sobre as condições climáticas e, assim, poderiam se precaver em caso de possibilidade de inundação.

 

“Estamos buscando realizar o melhor de cada um”, afirma a estudante Laís Rodrigues de Souza Ferreira, integrante da equipe finalista (Foto: Arquivo Pessoal).

“Estamos buscando realizar o melhor de cada um, com o objetivo de concluir o projeto para que ele possa fazer a diferença em nossa sociedade”, afirma a estudante Laís Ferreira. Além disso, os participantes precisaram, ainda, gravar um vídeo explicativo sobre o trabalho, com duração máxima de 1 minuto, para ser postado nas redes sociais.

 

Durante todo o processo, os jovens tiveram o apoio do professor de Geografia Henrique Lage Chaves. Esta é a terceira vez que o professor participa da OGB pelo Colégio dos Jesuítas. O resultado é motivo de satisfação. “É uma surpresa, mas que também não surge do nada. É o resultado de um trabalho que envolve toda a equipe das ciências humanas, as assessorias de aprendizagem, a orientação pedagógica e o assessor de área. E, sem dúvida nenhuma, o brilhantismo dos alunos”, avalia.

 

“Qualquer dúvida, qualquer questão que a gente tivesse durante a prova, a gente podia enviar para o professor, que ele dava todo o suporte e ajudava nas pesquisas. O bom é que ele não dava as respostas, ele ajudava a gente a procurar as respostas”, conta o estudante Artur Pena.

 

O professor de Geografia Henrique Lage Chaves tinha reuniões semanais com os estudantes (Foto: Rodrigo Tagliate).

 

Durante todo o trabalho de preparação e na passagem pelas etapas da Olimpíada, os estudantes e o professor trabalharam a distância. Artur é de Manhuaçu, Laís é de Carangola e Yasmim é de Cataguases.  Na avaliação do professor Henrique Chaves, o grupo conseguiu “vencer a dificuldade de participar de uma olimpíada a distância”.

 

Já para Yasmim Spíndola, participar da OGB foi também uma oportunidade de se aproximar dos colegas. A jovem é recém-chegada ao Colégio e esteve presencialmente pela primeira vez na instituição somente após o retorno presencial das aulas em Juiz de Fora, realizado em outubro. “A cada etapa a gente evoluía mais, aprendia mais e se aproximava mais, criava uma amizade. Como eu sou novata, e a conexão entre as pessoas é reduzida nesse período, passar pela Olimpíada de Geografia me auxiliou a criar conexões e até ajudou a deixar a pandemia mais fácil”, acredita a estudante.

 

Participar da Olimpíada foi um desafio intelectual para os adolescentes, que tiveram contato com novos conhecimentos, complementares aos adquiridos em sala de aula, e pretendem se candidatar novamente em 2022. A Yasmim gostou tanto da experiência que até se inscreveu para outra competição, a Olimpíada Brasileira de Biologia Sintética. “Muitas pessoas nem pensam em fazer olimpíadas, talvez vejam como uma perda de tempo. E eu acho que é uma oportunidade muito boa, não só para conseguir uma medalha, mas também para aumentar os seus conhecimentos e, talvez, você acabe se apaixonando por olimpíadas e participe mais e mais”, reflete.

 

Além do trio formado por Artur, Laís e Yasmim, outros estudantes do Colégio dos Jesuítas participaram da OBG e foram medalhistas. Os grupos tinham reuniões semanais com o professor Henrique Chaves. Os professores de Geografia André Luis Sguissato Rocha e Rosiane Calzavara também participaram do processo.

 

Antes da fase nacional, houve três fases estaduais disputadas entre os meses de agosto e setembro. Já a fase nacional foi realizada entre outubro e novembro. Todas as fases aconteceram de forma on-line.

Edgar Morin: O Centenário do Filósofo da Complexidade

 

Em 08/07/1921, nascia em Paris, filho de um casal de judeus espanhóis, Edgar Nahoum, mais tarde Edgar Morin, que viria a se tornar um dos principais pensadores contemporâneos. Formado em Direito, Geografia e História e trabalhando com as áreas de Antropologia, Filosofia e Sociologia, Morin é autor de dezenas de livros, entre os quais se destacam obras como O método, Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência, Os sete saberes fundamentais para a educação do futuro, É hora de mudarmos de via: As lições do coronavírus e Lições de um século de vida.

 

Ao longo do século XX, Morin presenciou e (ou) participou de acontecimentos que abalaram a França e o mundo. Ainda muito jovem, assistiu à escalada do fascismo na Europa e à eclosão da Segunda Guerra Mundial, tendo participado ativamente da resistência francesa à ocupação nazista. Nesse período, adotou o codinome Morin, que viria a se tornar permanente. Mais tarde, vivenciou a grande crise intelectual dos anos 1956-1958 sendo um dos primeiros intelectuais a se opor ao stalinismo. Além disso, participou do movimento contra a guerra da Argélia e pela independência daquele país e analisou os acontecimentos e os desdobramentos culturais das revoltas de maio de 1968, sempre com uma postura atenta e reflexiva. Em 1997, convidado pelo então ministro da educação francesa, Claude Allègre, a presidir um conselho científico que faria sugestões para mudanças no ensino de segundo grau, Morin idealizou e dirigiu as jornadas temáticas, apresentadas na obra A religação dos saberes, cuja proposta fundamental é a realização, no ambiente educacional, de um processo de regeneração humanista fundamentado nos princípios da complexidade e transdisciplinaridade.

 

Membro emérito do Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS), o maior órgão público de pesquisa científica da França e um dos maiores do mundo, Morin continua hoje, aos 100 anos, uma vida de intensa produção intelectual e divulgação de inovadoras ideias, entre elas a da necessidade, nas escolas e universidades, de um curso de conhecimento sobre o próprio conhecimento. Em sua vasta obra, destaca-se a centralidade da temática da complexidade, que aparece em vários de seus escritos. Para ele, somente uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar dos saberes pode proporcionar o adequado entendimento das características da sociedade contemporânea, visto que um ensino baseado em conhecimentos fragmentados e compartimentados não é capaz de gerar a compreensão e, portanto, a capacidade de intervenção consciente em uma realidade marcada por problemas cada vez mais amplos, complexos e inter-relacionados.

 

Nesse sentido, Morin alerta para uma importante questão contemporânea, que é a crise ecológica gerada pela dissociação entre natureza e cultura, entre ser humano e ambiente. Tal crise manifesta-se, entre outros desdobramentos, nas catastróficas consequências do aquecimento global e na emergência de grandes epidemias. Assim, embora se declare surpreendido pelo surgimento da covid-19, Morin retira dela diversas lições. Para ele, a pandemia e seus desdobramentos políticos, econômicos, sociais, ecológicos, nacionais e planetários mostram a necessidade de um projeto de preservação do planeta e humanização da sociedade, que permita a erradicação de duas barbáries contemporâneas, tanto aquela explicitada nas desigualdades, nos racismos e nas xenofobias como a gélida barbárie caracterizada pela exacerbação do individualismo e da indiferença.

 

Assim, cabe reiterar aqui a lição fundamental de Morin: para compreender e intervir de forma consequente na complexa realidade contemporânea, é essencial religar os saberes promovendo o reencontro entre as ciências da natureza e as ciências da cultura. Elogiado pelo papa Francisco por sua dedicação em favor de uma política de civilização por um mundo melhor, Morin está aí, centenário e lúcido, nesses tempos de incertezas e perplexidades em que a sensibilidade, a lucidez, a reflexão complexa e o humanismo presentes em sua obra constituem qualidades mais do que necessárias, imprescindíveis, principalmente no mundo da educação.

 

Por Wanderluce Gonçalves de Paula Gomes

Professor 

Somos criaturas leitoras

 

Com frequência, ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância da leitura em nossas vidas, sobre a necessidade de se cultivar o hábito de ler desde a infância, sobre o papel da escola na formação de leitores competentes. É nessa infinidade de representações e funções da leitura que Alberto Manguel, escritor argentino e leitor voraz, afirma: “Somos criaturas leitoras, ingerimos palavras, somos feitos de palavras, sabemos que palavras são nosso meio de estar no mundo, e é através das palavras que identificamos nossa realidade e por meio de palavras somos, nós mesmos, identificados.”

 

Manguel fala da leitura como um mecanismo que nos permite olhar para dentro de nós, como fonte de autoconhecimento e construção de nossa identidade. Traz à tona o caráter humanizador intrínseco à literatura. Diante dela, o homem repensa seu papel no mundo, seus valores e princípios.

 

E, de fato, o que isso quer dizer? Encontramos resposta a essa pergunta nas palavras do grande mestre Antonio Candido e nas lições que ele nos deixou em seu clássico artigo “O direito à literatura”, de 1988:

 

“[…] assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente.”

 

Nessa afirmação, Candido nos dá uma dimensão da importância da literatura em nossas vidas. Diante do texto literário, o leitor tem a oportunidade de reconhecer a si mesmo e o mundo que o cerca. Abre-se uma vasta gama de possibilidades de viver situações que talvez não imaginasse, de estar em lugares que talvez nunca visitasse, de pensar como pessoas que jamais conhecesse.

 

Porque nos faz imaginar, a literatura traz consigo a aptidão de criar uma civilização capaz de sonhar. Ela nos permite criar situações não só para que possamos vivenciar novas experiências, mas para que possamos criar mundos diferentes. E assim, na contraface da imaginação, o olhar sobre a realidade ganha viés crítico. Quando somos capazes de idealizar, de pensar em novas maneiras de viver, de sonhar um mundo melhor, somos também capazes de pensar e de buscar uma sociedade mais justa. É como diria Mario Quintana: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.”

 

Afastar-se da literatura ou privar-se dela pode gerar um estado “anestesiado”, de indiferença ao que se passa fora dos muros da própria existência e, sobretudo, ao sofrimento alheio. A escritora e formadora de professores e mediadores de leitura, a argentina Maria Teresa Andruetto (2018), alerta sobre esse perigo da “indiferença”. Em suas palavras:

 

Se a literatura nos permite entrar no coração do outro, então, evitá-la nos ajuda a viver anestesiados. A anestesia na leitura se constrói por um caminho de formas fixas, estereótipos que impedem penetrar a superfície dos textos e da vida. (…). Histórias narradas em uma linguagem amável e inócua em oposição ao literário, cuja potência reside na possibilidade de nos inquietar, de nos conduzir às zonas inesperadas de nós mesmos.

 

Assim, a literatura é, ao mesmo tempo, o lugar em que nós nos formamos como seres humanos e arcabouço de conhecimento das sociedades todas. É instrumento de reflexão, de compreensão de nós, do outro e do mundo e, como tal, relaciona-se diretamente com os princípios inacianos.

 

Por fim, retomo as palavras de Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro de alma e ofício, em seus versos: “Tudo que sei é ela que me ensina./ O que saberei, o que não saberei nunca, está na Biblioteca em verde murmúrio/ de flauta-percalina eternamente”. A leitura não está presente apenas no texto, está dentro de cada leitor que confere a ele um significado único. Portanto, hoje, no Dia Nacional do Livro, venho homenagear não apenas os escritores, mas também os leitores. Desejo a todos ótimas leituras e um feliz Dia Nacional do Livro!

 

Por Patrícia Miranda Machado

Assessora de Área – Linguagens

Pe. José Laércio de Lima, SJ, é nomeado Superior do Núcleo Apostólico do Rio, Nova Friburgo e Juiz de Fora

 

O Secretário para a Colaboração, Fé e Espiritualidade, Pe. José Laércio de Lima, SJ, foi nomeado Superior da Comunidade Santo Inácio e Coordenador do Núcleo Apostólico do Rio de Janeiro, Nova Friburgo e Juiz de Fora. O ato da nomeação foi realizado neste domingo (24), em missa celebrada na Igreja Santo Inácio de Loyola no Rio de Janeiro.

 

A missa foi presidida pelo Provincial dos Jesuítas no Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ. Como concelebrantes estavam presentes o Pe. Luiz Antonio Monnerat, SJ, Diretor Geral do Colégio Anchieta de Nova Friburgo e anterior Superior do Núcleo, além do Pe. José Laércio, SJ.

 

“O Superior e Coordenador do Núcleo tem como função estar discernindo juntamente com os diretores de obras e os inacianos, movimentando estes trabalhos na direção em que o Espírito de Deus impulsiona”, salientou o Pe. Smyda, SJ.

 

O Sócio do Provincial, Pe. Elcio José Toledo, SJ, foi encarregado de proferir a carta de nomeação emanada pelo Provincial. Já o Pe. Luiz Antonio Monnerat, SJ, leu a carta do Superior Geral dos Jesuítas, Pe. Arturo Sosa, SJ.

 

Que a nova missão seja para maior glória de Deus.

 

Assista à missa completa.

Colaboradores de instituições jesuítas de ensino participam de Retiro Inaciano em Juiz de Fora

 

Colaboradores do Colégio dos Jesuítas e de outras duas instituições integrantes da Rede Jesuíta de Educação, que compõem o Núcleo Apostólico – Colégio Anchieta de Nova Friburgo (RJ) e Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro – participaram do Retiro Inaciano no Seminário Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Juiz de Fora. Os participantes tiveram um momento de fé, recolhimento espiritual e reflexão entre a quinta-feira (21) e o sábado (23). Os protocolos de biossegurança já observados nos Colégios foram seguidos.

 

O encontro foi realizado com o objetivo de dar seguimento à formação dos colaboradores, por meio do conhecimento e da vivência da pedagogia e espiritualidade inacianas, e, tendo em vista o aprofundamento da 1ª Preferência Apostólica Universal da Companhia de Jesus, que nos recomenda “mostrar o caminho para Deus mediante os Exercícios Espirituais e o discernimento”.

 

Membros da Equipe Diretiva do Colégio dos Jesuítas estiveram presentes no retiro, como o Professor Edelves Rosa Luna, Diretor Geral, que, num momento de partilha, expressou gratidão a Deus pela presença de todos e os incentivou a darem continuidade à experiência.

 

 

Para ministrar as atividades e auxiliar os colaboradores com a experiência, animando os momentos de vivência espiritual-religiosa, esteve presente o Assessor de Formação Religiosa do Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro, Pe. Tárcio Santos, SJ.

 

Entre os assuntos tratados no encontro, estiveram os passos para a oração de meditação, a importância do silêncio para o autoconhecimento e o diálogo com Deus, a busca por sentir e saborear internamente as coisas – como Santo Inácio ensinou – e a recomendação de prestar atenção ao ordinário que acontece no dia a dia de nossas vidas, pois a espiritualidade inaciana, conforme salientou o pregador do retiro, é uma espiritualidade do cotidiano, portanto, possível para todos nós.

 

Confira outros momentos do Retiro Inaciano na galeria abaixo.

 

Voluntariado: uma resposta à pergunta, para que eu sirvo?

 

Faço um convite para o olhar que nos pede o cuidado. Cuidado para percebermos a beleza da resposta que podemos dar à pergunta: para que eu sirvo? Saber o nosso lugar no mundo é de extrema importância, já que somos, por excelência, buscadores de sentido para a nossa breve peregrinação, se comparada ao tempo de vida dessa casa comum. Uma resposta qualificada demanda de nós a tomada de consciência do eu, daqueles que, por uma razão transcendente, têm a oportunidade de ser contemporâneos da nossa existência, dos que foram cuidadores desse mundo e do futuro que nos habita em sonhos. Diante disso, uma reflexão: que mundo queremos criar, enquanto não descansamos? Eis uma eleição pertinente para uma vida significativa.

 

Frequentemente temos oportunidades de olhar para o lado e vermos alguém carente do nosso serviço. Uns mais que outros. Todavia, muitas vezes negligenciamos o servir, pois o “trabalho nos chama”, “o tempo urge” e, até mesmo, “o tempo é dinheiro”. O grito dos que sofrem ao nosso lado é escutado, porém, nem sempre ouvido. Vemos o outro na superficialidade condicionada por nosso cotidiano atarefado. A lógica da vida, orientada pelo consumismo, não raras vezes nos transforma em um ter humano e, assim, abandonamos a nossa morada de ser, ser humano. Por conseguinte, os invisíveis permanecem invisíveis, os excluídos permanecem excluídos, os “descartados” permanecem nas periferias. Será que, neste caso, o distanciamento tenha se tornado um subterfúgio para não sermos contaminados pelas mazelas do mundo (A Lepra Humana – Lv 13; Os dez leprosos – Lc 17, 11-19)?

 

Na percepção de um mundo ferido, propomos, aos olhos de Cristo, o aprofundamento do cuidado com aqueles que carecem, cada vez mais, de compaixão e de cura (Ensino e curas pela Galileia – Mt 4, 23). A cura para os males: “Chamando os doze, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doenças e enfermidades” (Mt 10, 1). Doar tempo é doar vida, é doar de coração os nossos dons, aquilo que temos de mais precioso em favor daqueles que nada podem pagar (A oferta da viúva – Lc 21, 1-4). Essa oferta de amor é uma proposta que nos compromete com a criação de um mundo novo. Aceitemos o convite para um “Caminhar com os pobres, os descartados pelo mundo, os vulnerados em sua dignidade, numa missão de reconciliação e justiça” (Segunda Preferência Apostólica Universal – Companhia de Jesus).

 

Porém, ninguém pode ser forçado a fazer o bem, ninguém pode ser obrigado a curar as feridas daqueles que estão à beira do caminho (O bom samaritano – Lc 10, 25-37). É imprescindível respeitar a humana liberdade interior para dispor-se a uma jornada, seja ela qual for. (O filho pródigo – Lc 15, 11-32). O serviço deve ser fruto da vontade ao seguimento do Senhor (O jovem rico – Mt 19, 16-30).

 

De origem latina, traduzimos o termo vontade como disposição proveniente da liberdade interior para o serviço ao outro e aos seres vulnerabilizados por realidades injustas. Daí surge o voluntariado. Ele pode ser motivado por uma filosofia de vida, por uma religião, por valores humanitários, por uma proposição moral, mas procede, impreterivelmente, do querer mais íntimo. Aos que carecem de respostas àquela pergunta: “para que eu sirvo?”, o voluntariado irrompe as fronteiras do egoísmo, do individualismo e, principalmente, da “universalização da indiferença” (Papa Francisco) e nos lança diante dos pequenos do nosso mundo.

 

No dia 05 de dezembro, celebramos o Dia Internacional do Voluntariado, uma oportunidade para escutarmos o grito dos que clamam e nos dispormos para a construção de uma “terra sem males” (Campanha da Fraternidade – 2002). Um dia para o despertar da caridade humana e encontrar formas criativas para alimentar os famintos, saciar os sedentos, acolher os estrangeiros, agasalhar os desamparados, cuidar dos enfermos, visitar os cativos (Mt 25, 31-46) e curar a terra ferida que clama por cuidado (Laudato Si, 2). “O próximo sem fronteiras” (Fratelli Tutti, 80-83) revela o rosto sofrido de Deus que impulsiona o coração solidário ao voluntariado. Este, por sua vez, leva a esperança e recebe e colhe o fruto da missão, a saber, alegria de ver o outro sorrir novamente. Ser voluntário, portanto, é doar a própria vida na medida certa para reacender a vida que tenta viver. O tema do Ano Inaciano, “Ver novas todas as coisas em Cristo”, nos convida ao olhar de esperança no intuito de construir uma “cidadania global” para responder aos apelos do mundo com a ação contemplativa, que foi tão bem recomendada por S. Inácio de Loyola.

 

Por Angelo Márcio de Oliveira Reis

Agente da Formação Cristã 

Nossa Senhora Aparecida: A Santa do Brasil

 

A devoção a Nossa Senhora Aparecida teve início no ano de 1717 quando pescadores encontraram no Rio Paraíba uma velha e escurecida imagem de Nossa Senhora da Conceição.

 

São escassos os documentos que registram o encontro da imagem. Oito anos após aquele acontecimento, o pároco de Guaratinguetá redigiu um relatório sobre ele, nomeando os três pescadores, Domingos, João e Filipe, responsáveis em encontrar a imagem. Esse texto serviu de base para o que foi escrito no Livro Tombo da paróquia, em agosto de 1757, pelo vigário Padre João de Morais e Aguiar, sob o título “Notícia da Aparição da Imagem da Senhora”.

 

No Livro Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, conservado no Arquivo da Cúria de Aparecida, encontra-se a narrativa feita pelo vigário. Ela registra que foi “achada” a imagem pelos três humildes pescadores: “João Alves, lançando a rede de arrasto, tirou o corpo da Senhora sem cabeça; e lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça da mesma Senhora, não se sabendo nunca quem ali a lançasse”.

 

A imagem ficou sob a guarda do pescador Filipe Pedroso por 15 anos. Foi construído um pequeno altar onde as famílias vizinhas se reuniam para rezar o terço e outras orações. A partir daí, teve início a devoção que depois se tornaria o maior movimento religioso do país. Atualmente a imagem se encontra no Santuário Nacional de Aparecida, sendo o principal centro de peregrinação da Igreja Católica no Brasil.

 

Essa breve narrativa dos fatos que envolvem a aparição da imagem para os pescadores marca consideravelmente a história da devoção dos brasileiros à mãe de Jesus. Trata-se de uma expressão popular de afeto que traz à tona a reflexão sobre o papel materno e espiritual de Nossa Senhora Aparecida na consolidação da identidade cristã dos fiéis católicos. Diz de como, por meio da fé devocional, o povo de Deus tende a saltar para o comprometimento com a Boa Nova do Evangelho. Tal como relata o evangelista João 2, 5: “fazei tudo o que Ele vos disser”, Maria de Nazaré foi aquela que nos ensinou a colocar em prática os ensinamentos do Senhor, e isso ainda hoje é reconhecido e valorizado.

 

Muitas vezes, diante das dificuldades cotidianas, o amparo de Nossa Senhora, com seu exemplo de disponibilidade ao projeto de Deus e intercessão constantes, é alento que anima e fortalece a caminhada de fé dos cristãos. Ontem, hoje e sempre, a entrega sem reservas da Mãe de Jesus, demonstrada em palavras e atitudes de amor ao próximo, colabora para a construção de uma sociedade melhor. Nesse sentido, o cultivo da devoção mariana é muito mais que mera expressão da religiosidade popular nacional, pois, quando se inspiram no testemunho de Maria de Nazaré, as pessoas refletem a mensagem de que relações mais humanas e fraternas são possíveis em nosso país.

 

Essa perspectiva histórica e mariológica, portanto, reafirma que o 12 de outubro é um dia mais que especial. Por oportunizar justas orações e homenagens à padroeira do Brasil, a data nos recorda que podemos continuar contando com a proteção daquela que cumpriu os desígnios de Deus e, por isso, podemos também seguir trilhando o caminho do amor e do serviço ao outro. Isto sim é motivo de esperança porque, segundo cremos, a Mãe do Céu Morena mantém um olhar atento e cuidadoso sobre a vida do povo brasileiro.

 

Por Marcelo Sabino

Coordenador da Formação Cristã

 

Adriana Malaquias 

Professora 

Estudante do Colégio dos Jesuítas descobre oito novos asteroides

Estudante descobriu oito asteroides em concurso. Foto: Arquivo Pessoal

 

A estudante Rafaela Bigonha Bovarêto Silveira, da 1ª série do Ensino Médio, descobriu oito novos asteroides no concurso Caça Asteroides MCTI, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, em parceria com o International Astronomical Search Collaboration (IASC), vinculado à NASA, a agência especial norte-americana.

 

Os participantes precisavam analisar imagens do espaço registradas por um telescópio de 1,8 metros pertencente à Universidade do Havaí (EUA), por meio do software Astrometrica. Os candidatos receberam treinamento para usar o programa. A partir da análise, é possível chegar à conclusão de quais corpos são os asteroides. Segundo Rafaela, ao todo, foram 25 pacotes de imagens.

 

“Você consegue perceber que os asteroides têm movimentos definidos nas suas órbitas. Que estrelas e galáxias que aparecem na imagem, não têm esse movimento. Então assim, você consegue diferenciar outros objetos de asteroides”, conta a estudante.

 

Agora, os asteroides vão passar por um processo de maior observação. A conclusão do trabalho pode demorar anos. Depois disso, quem descobre o asteroide tem o direito de nomeá-lo e Rafaela já tem em mente quem homenagear: “Eu quero muito dar o nome das pessoas que eu amo da minha família e de um cientista em específico, que me inspira muito e me inspirou ao longo de toda a trajetória, que é o Carl Sagan”.

 

Para a jovem, a formação oferecida pelo Colégio dos Jesuítas tem papel relevante para o bom desempenho alcançado. “O incentivo dos professores é essencial, me ajuda muito sempre. E eu agradeço muito. São professores maravilhosos que estão sempre incentivando a gente a ser cientista”, afirma a jovem, que partilha o afeto pela instituição junto com a mãe, a professora de Língua Portuguesa e Redação no Colégio Daniela Bigonha Bovarêto Silveira.

 

Rafaela Bigonha acredita que a formação do Colégio dos Jesuítas é relevante para o bom desempenho alcançado. Foto: Arquivo Pessoal.

 

Interesse pela astronomia vem desde cedo

A curiosidade da estudante pelo cosmos nasceu aos seis anos de idade. Ao longo do tempo, essa paixão foi se solidificando por meio da leitura de obras sobre o tema. Agora, Rafaela Bigonha pretende fazer a Faculdade de Astronomia.

 

Além da pesquisa acadêmica, a estudante também se interessa pela área da divulgação científica. Ela é a produtora de conteúdo da página “Astronomia Poética”, com quase dois mil seguidores no Instagram.

 

“Eu sempre tive essa vontade de divulgar a ciência, mas eu guardava para mim. Depois que eu criei (a página), vejo as pessoas vendo e falando: ‘eu não sabia disso’ ou ‘você explica muito bem’. É muito bom ter esse retorno, porque eu sinto que eu estou no caminho certo”, afirma a jovem que sonha ainda em ser palestrante e professora de astronomia.

 

As atividades de Rafaela não param. Neste momento, ela participa das seletivas entre participantes da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), competição na qual a jovem ganhou medalha de ouro neste ano, para duas competições internacionais: a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA) e a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA).

 

“Os exercícios são meio difíceis. Eu estou amando porque é uma oportunidade muito boa para eu estudar astronomia. E ainda mais para fazer uma prova, é ótimo poder estudar astronomia e ainda fazer uma prova com esse assunto”, acredita a estudante.

 

A jovem planeja fazer Faculdade de Astronomia e tem página de divulgação científica no Instagram. Foto: Arquivo Pessoal.

Compañeros: Estudantes da 3ª série do Ensino Médio participam de momento de imersão

 

As atividades do Projeto Compañeros tiveram continuidade neste sábado (2), com um momento de imersão no Recanto Manresa. O protocolo de biossegurança do Colégio dos Jesuítas foi seguido na realização do encontro. No Compañeros, os estudantes são incentivados a inspirarem-se em Santo Inácio de Loyola, para desenvolverem um olhar esperançoso e comprometido com a vida, a história e o mundo, pautado na justiça e no amor fraternal.

 

Os estudantes, da 3ª série do Ensino Médio, tiveram a oportunidade de refletir sobre seus projetos de vida, tendo em vista os desafios da atualidade. Os jovens fizeram caminhada em meio à natureza e tiveram dinâmicas de escuta e cuidado com o meio ambiente.

 

O Diretor Acadêmico do Colégio dos Jesuítas, Pe. José Robson Silva Sousa, SJ, presidiu a Celebração da Eucaristia na Capela do Recanto. Todas as dinâmicas contaram com o acompanhamento dos agentes da Formação Cristã.

 

Confira nossa galeria de imagens com registros do encontro:

O toque do rosa – uma campanha sobre saúde da mulher

 

O mês de Outubro coloca a saúde da mulher em foco através da Campanha Outubro Rosa: prevenção e combate ao câncer de mama. Neste tempo, vários institutos de saúde, ONG’s e sociedade civil colaboram com a disseminação de informações que possam vir a ajudar as mulheres a identificarem os sinais de um câncer de mama e, até mesmo antes disso, buscarem a prevenção.

 

Partindo do princípio que informação também promove saúde, esse tipo de campanha tem exercido um interessante papel social na medida em que provoca instituições públicas e privadas a engajarem em propostas como essa. Embora essas iniciativas já existissem há algumas décadas, sua disseminação pelas redes sociais ganhou maior expressão e variedade nos últimos anos. Temos, portanto, a cada mês, diversas cores que apontam para ações diferentes, buscando divulgar temas que ainda são tabus, erradicar determinadas doenças ou, pelo menos, orientar a população na direção do cuidado com algum aspecto da saúde. Outubro é, então, o mês em que os tons de rosa se espalham, iluminando o câncer de mama e, com isso, a saúde de cada mulher!

 

Esse é um tipo bastante comum de câncer e é aquele que causa mais mortes em mulheres, no Brasil. Esta campanha tem conseguido a adesão de grandes empresas, importantes órgãos relacionados à saúde da mulher, além de muitas personalidades. Todos se movimentam durante essas semanas para chamar atenção para a necessidade de nós mulheres conhecermos melhor o nosso corpo, principalmente as mamas, para que conhecendo sua estrutura, textura, variações que naturalmente ocorrem ao longo do mês, possamos identificar quando uma alteração surgir. Importante destacar que qualquer caroço identificado em uma mama de uma mulher que tenha mais de 50 anos precisa ser investigado. Em mulheres jovens, caso as alterações persistam por mais de um ciclo menstrual, é necessário buscar a avaliação médica.

 

As campanhas que tratam de nossa saúde relacionam-se ao conhecimento que cada mulher possui de si mesma. Sabemos, no entanto, dos atravessamentos que perpassam o gênero feminino em nossa sociedade. A mama é um dos símbolos de nossa sexualidade, historicamente reprimida, tolhida, cerceada. Tocar as próprias mamas, ainda que em busca de sinais que possam antecipar um diagnóstico de câncer, não é uma prática comum. Ainda é tabu tocar o próprio corpo. Portanto, é preciso fortalecer o suporte social das mulheres, fazendo circular entre elas as informações que podem desconstruir preconceitos, bem como o apoio concreto para a construção de uma cultura de cuidado. A mídia local tem divulgado onde se pode realizar exames médicos, fato importante, pois o rastreamento identifica doenças antes mesmo que a mulher perceba seus sintomas, antecipando ainda mais o diagnóstico. Podemos divulgar em nossos círculos sociais a relação dos profissionais que conhecemos e que realizam um atendimento humanizado, o que favorece qualquer tratamento. Desse modo, não somente o câncer de mama pode ser combatido, mas todos os outros fatores que impactam na saúde da mulher.

 

Para maiores informações, acesse a cartilha abaixo, produzida pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva) em parceria com o Ministério da Saúde.

 

Confira a cartilha.

 

Por Raphaela Souza dos Santos

Agente na Formação Cristã